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Morre em Campo Grande, o padre Bartolomeo Giaccaria, aos 92 anos

Faleceu na madrugada desta terça-feira (3), em Campo Grande, o sacerdote missionário salesiano P. Bartolomeo Giaccaria, aos 92 anos, 73 de vida religiosa e 63 anos de sacerdócio. Natural de Chiusa di Pesio, na região de Cuneo, Itália, P. Giaccaria dedicou mais de sete décadas à missão evangelizadora e à defesa dos direitos dos povos indígenas, especialmente os Xavante, no Brasil. Sua trajetória é reconhecida como uma das mais importantes da história missionária salesiana no país.

Uma vocação sólida e missionária

Bartolomeo Giaccaria nasceu em 11 de setembro de 1932. Foi batizado dias depois, em 14 de setembro, e crismado em 15 de agosto de 1940. Ingressou na Congregação Salesiana em 1945, na Casa Salesiana de Chieri, e iniciou o noviciado em Monte Oliveto, Pinerolo, em 1950. Fez sua primeira profissão religiosa em 1951 e professou perpetuamente em Campo Grande, em 1957. Foi ordenado sacerdote em São Paulo, no bairro Bom Retiro, em 8 de dezembro de 1961, pelo bispo Dom Lourenço Rolim Loureiro.

Chegou ao Brasil em 29 de novembro de 1954 e se naturalizou brasileiro em 10 de abril de 1986. Teve formação teológica no Instituto Pio XI, em São Paulo, e concluiu uma pós-graduação em Antropologia na Universidade de Brasília em 1980.

Um missionário incansável

Desde sua chegada, atuou em diversas localidades: Lucélia, Sangradouro, São Marcos, Nova Xavantina e Brasília. Foi professor, enfermeiro, pároco, ecônomo e missionário itinerante, sendo referência em todas as frentes em que serviu. Em 1998, assumiu como pároco da Paróquia Pessoal São Domingos Sávio dos Índios Xavante, em Nova Xavantina, cargo que exerceu com dedicação até 2021, quando se transferiu para Campo Grande para tratamento de saúde.

A “pomada do padre”: medicina e sabedoria tradicional

Uma das contribuições mais conhecidas de P. Giaccaria foi a criação de uma “pomada milagrosa” produzida com ervas medicinais regionais. Ela ou a ser amplamente utilizada nas aldeias Xavante para tratar doenças de pele, como coceiras, irritações e feridas. A pomada foi acompanhada de outros produtos como sabonetes, óleos e xaropes naturais, todos preparados artesanalmente e distribuídos gratuitamente às comunidades.

Educação bilíngue e preservação cultural

Visionário, P. Giaccaria reconheceu desde cedo a importância da educação bilíngue e da preservação da cultura indígena. Publicou, em 1957, um dicionário xavante-português com mais de mil verbetes, seguido de uma cartilha bilíngue utilizada em escolas indígenas. Sua atuação foi essencial para fortalecer a identidade cultural Xavante e para assegurar o direito à educação em língua materna.

Reconhecimento acadêmico e legado

Em 2015, P. Giaccaria recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em reconhecimento à sua dedicação à pesquisa, à educação e à proteção das culturas indígenas, sobretudo dos povos Bororo e Xavante. Apesar da idade avançada, continuou ativo até recentemente, ministrando cursos, orientando jovens professores e produzindo materiais didáticos e medicinais.

Em 2021, ou a residir em Campo Grande, onde iniciou tratamento de saúde. Foi sucedido na paróquia por P. Aquilino Tseré ub’õ Tsirui’á, o primeiro sacerdote xavante, que deu continuidade à missão iniciada décadas antes por P. Giaccaria.

Um exemplo eterno

A partida de P. Bartolomeo Giaccaria representa não apenas a perda de um sacerdote, mas de um símbolo de entrega, empatia e luta por justiça e dignidade para os povos originários. Seu legado missionário e humano permanece vivo no coração do povo xavante e de todos que acreditam em uma Igreja comprometida com os mais pobres e esquecidos.

Fonte: https://www.missaosalesiana.org.br/p-bartolomeo-giaccaria-parte-para-a-casa-do-pai-apos-uma-vida-dedicada-aos-povos-indigenas-no-brasil/

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